"Não saímos de Portugal. Aqui sou rei, lá fora ninguém me conhece"

Victor Hugo Cardinali tem 58 anos e passou a vida rodeado "do cheiro a serradura na pista". Pede àqueles que pedem a proibição de usar animais nos espetáculos que o "deixem trabalhar".
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A Assembleia Municipal de Lisboa recomendou à câmara que não emita licenças a espetáculos circenses que incluam a exibição ou o uso de animais. Como vê esta decisão, que surgiu na sequência de uma proposta do Partido pelos Animais e pela Natureza?

Não concordo com isso. É um espetáculo de séculos, o circo tradicional tem de ter animais. Se o circo funcionasse sem animais, há muitos anos que os circos não tinham animais. As pessoas querem ver os animais. Há outro tipo de espetáculos que existem que não têm animais, mas o circo tradicional tem de ter. Nós, quando chegamos às cidades, a primeira coisa que perguntam é pelos animais. Aliás, a boa informação sobre isso é quando termino um espetáculo perguntarem às pessoas do que é que gostaram, ou se gostam com ou sem animais. Isso é que deviam fazer. No fundo, nesse novo partido são radicais. As pessoas que gostam de circo com animais vêm ver, as que não gostam não vêm. Vão ao Cirque du Soleil, que também é bonito mas não é para o público do circo tradicional. Os meus animais são mais bem tratados do que alguns seres humanos.

Como são tratados no circo Victor Hugo Cardinali?

Comem feno do melhor, ração, cenouras, são desinfetados, lavados. Se um animal está doente, ao fim de duas horas está um veterinário ao pé dele. Um ser humano espera sete, oito meses para ir a uma consulta e, quando tem vaga, ligam para casa e já não é preciso, já morreu. Vivem melhor do que esses seres humanos.

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